Furia, Imperial e Legacy entre os times que pedem mudanças à Valve
No dia 10 de fevereiro de 2025, uma coalizão de 22 organizações de Counter-Strike 2 (CS2) enviou uma carta aberta à Valve, solicitando mudanças cruciais no sistema competitivo atual. Entre os signatários estavam Furia, Imperial e Legacy, demonstrando a importância e o engajamento do cenário nacional nas discussões globais sobre o futuro do CS2.
Principais Preocupações Compartilhadas com a Valve
Sistema de Pontuação VRS
As equipes expressaram preocupação com o Valve Regional Standings (VRS), argumentando que o sistema atual limita as oportunidades para times sul-americanos acumularem pontos, devido à escassez de eventos de elite com seletivas abertas na região.
Sustentabilidade do Cenário e Falta de Clareza
Os times alertam que, sem mudanças, o ecossistema corre o risco de sufocar equipes e organizadores de torneios, especialmente na América do Sul, onde os recursos e oportunidades já são mais limitados.
As organizações criticam a apresentação técnica do sistema de ranking no GitHub, argumentando que isso dificulta a compreensão por parte de equipes menores e jogadores,.
Propostas de Melhorias feitas à Valve
- Reintrodução de Seletivas Abertas para Majors: As equipes brasileiras enfatizam a importância de classificatórios abertos para os Majors, permitindo que times de todas as regiões tenham chance de participar.
- Eventos Regionais com Pontuação VRS: Sugerem a criação de mais torneios na América do Sul que ofereçam pontos VRS, facilitando a participação de times brasileiros em um ambiente mais acessível.
- Plataforma de Comunicação Centralizada: Propõem a criação de um fórum ou plataforma onde dúvidas sobre o sistema possam ser esclarecidas, beneficiando especialmente equipes de regiões emergentes.
Impacto no Cenário Brasileiro
A participação ativa de FURIA, Imperial e Legacy nesta iniciativa demonstra a união e o compromisso do cenário brasileiro com o desenvolvimento global do CS2. Ao se juntarem a outras organizações internacionais, estas equipes não apenas buscam melhorias para si, mas também para toda a comunidade sul-americana de CS2.
Íntegra da Carta enviada à Valve (traduzida para melhor compreensão)
"Prezada Valve,
Todos nós compartilhamos sua visão de "Um Campo de Jogo Nivelado" — onde cada time e jogador tem a oportunidade de se classificar para um Major baseado apenas na habilidade. Apreciamos seus esforços para remodelar o cenário de torneios, mas acreditamos que o sistema atual tem falhas significativas que estão minando essa visão. Como um coletivo, oferecemos este feedback para ajudar a fortalecer a base que vocês construíram.
Qualificatórias abertas: A Única Maneira de Entrar no Cenário é Através do Tier 1. Como está, se você tem um núcleo sem pontos VRS, as qualificatórias abertas são a única maneira de obter pontos.
Para os organizadores de torneios (OTs), as qualificatórias abertas (QAs) são um grande empreendimento, simplesmente devido à escala. Executar chaves de 512-1024 times requer uma carga de trabalho logística e administrativa considerável para garantir a integridade competitiva, significando que apenas os maiores OTs são capazes de organizar isso efetivamente. Isso cria um ecossistema em camadas: os maiores torneios oferecem uma pequena chance de uma corrida de sonho em QA que catapulta times à relevância, enquanto o tier abaixo funciona apenas com convites. Abaixo desse tier está uma zona morta, onde os times lentamente ficam sem oxigênio enquanto esperam pela próxima qualificatória aberta de tier 1.
Como resultado, qualquer novo time em ascensão só pode entrar no ranking, paradoxalmente, através de eventos Tier 1, e estes são poucos e espaçados. A menos que o sistema de ranking mude, deve haver incentivos mais fortes para que OTs menores realizem qualificatórias abertas.
Retrocedendo em Decisões
O status da licença VRS de um torneio precisa ser definido antes do início do torneio. Estamos apenas um mês no ano e vários torneios tiveram seu status VRS revogado no meio do torneio, enquanto outros o tiveram adicionado no meio do torneio. Essa incerteza tem grandes implicações para times e jogadores — devido à precariedade da situação no tier 2, comprometer-se com o torneio errado poderia resultar em uma longa permanência na zona morta. Da perspectiva de um time, é crucial que essas licenças não sejam concedidas por capricho.
Comunicação e Complexidade: Crédito onde é devido — tornar o código-fonte aberto deu a todos a oportunidade de compreender completamente o funcionamento interno do ranking, permitindo-nos entender totalmente o efeito de cada partida individual.
No entanto, a indústria de esports reúne pessoas de todas as origens com uma grande variedade de conhecimentos técnicos e experiências de vida profissional. Apresentar essa informação crucial em um repositório do GitHub, escrito de maneira muito técnica, afeta negativamente a acessibilidade para times menores e jogadores que não têm a fluência técnica para dissecar o modelo.
Se os jogadores não podem entender os passos necessários para subir no ranking, ou se um OT não entende se seu torneio cumpre os requisitos de licença, é necessário haver um fórum/plataforma centralizada onde perguntas sejam feitas e respondidas. Entendemos que há um custo para construir e manter tal plataforma, e estamos abertos a trabalhar com terceiros para fazê-lo. Atualmente, o cenário está lidando com a falta de clareza compartilhando informações no que se tornou um jogo global de telefone sem fio onde, às vezes, os times estão educando os OTs sobre a interpretação atual das regras, operando majoritariamente completamente no escuro.
Valve, vocês tomaram uma decisão ousada de remodelar o ecossistema do Counter-Strike, mas o sistema como está não é um campo de jogo nivelado. — para chegar lá, vocês têm que terminar o que começaram. Da sua perspectiva, isso pode ser apenas um período de tempo onde vocês estão aceitando falhas no sistema até que ele se ajuste. Para nós, os times, este período de tempo poderia matar nossas organizações de Counter-Strike.
Para deixá-los com uma sugestão de curto prazo que nos ajudaria: adicionem qualificatórias abertas ao Major novamente. Permitam que todos os times e jogadores tenham a chance de salvar suas carreiras e sonhos."
Assinam a carta:
- Ninjas in Pyjamas
- Metizport
- Endpoint
- JANO
- ENCE
- MOUZ
- BIG
- HAVU
- EYEBALLERS
- IMPERIAL
- LEGACY
- FALCONS
- OG Esports
- 3DMAX
- 9z
- FURIA
- M80
- Monte Esports
- Fnatic
- GamerLegion
- 9INE
- Aurora
Conclusão
A presença de três times brasileiros entre os signatários da carta aberta à Valve ressalta a importância do Brasil no cenário global de CS2. As preocupações e propostas apresentadas refletem não apenas os desafios enfrentados pelas equipes nacionais, mas também o potencial de crescimento do esport na região.
A resposta da Valve a estas demandas será crucial para o futuro do CS2 no Brasil e na América do Sul como um todo, podendo definir o rumo do cenário competitivo nas próximas temporadas e a capacidade das equipes brasileiras de competirem no mais alto nível internacional.
Creditos da imagem em destaque: CS2, editado por Strafe
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